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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Transubstancial




Filme: Transubstancial
Curta-metragem UFPB, 2003
Diretor: Torquato Joel
Filme inspirado no livro “EU” de Augusto dos Anjos
Crítica por Ronhely Pereira
Crítica



A busca por uma identidade advém naturalmente de gradativa maturação da sensibilidade, na concepção de uma obra de arte. Difícil não incorrermos em obviedades ante a evidência desta proposição nas diversas modalidades do fazer artístico, em que a experimentação eclode culminantemente na espontaneidade. Esta compleição iniludível e subjetivamente multiforme atribui à Transubstancial a alçável profundidade poética de um artista no caminho da liberdade expressiva sentida, vivenciada em suas amplas matizes. A poesia de Augusto dos Anjos, reunidas no livro “EU”, assim como sua versão cinematográfica, desprende as imagens de seu conteúdo fixista, extático para um intenso vagar das reentrâncias sígnicas, em nosso processo de visualidade interpretativa. São as múltiplas significações que conferem opulência qualitativa mediante o apuro técnico das imagens representadas.
O formato curta-metragista é uma modalidade que exige do diretor uma atribuição eloqüentemente concisa e fecunda signicamente à conjunção entre som e imagem. O conteúdo fílmico se debruça por entre a espacialidade metafísica que há entre vida e morte, tais recursos condensam-se harmoniosamente, vertendo no espectador o vigor expressivamente universal inerente à poesia, infelizmente esquecido atualmente tanto na comercialidade cinematográfica quanto na apreciação popular. O filme é fidelíssimo à proposta do livro de Augusto dos Anjos, ao mesmo tempo em que potencializa e enriquece as possibilidades interpretativas da poesia.
As extremidades do viver e o caminho do “estar no mundo”, contidas nestas misteriosas extremidades do nascer e do morrer são repensadas contestadoramente em oposição ao estertor civilizatório, na degradação das etnias do ser, de tudo o que é humano nesta pretensa e contemporânea socialidade. Se o que vivenciamos neste século é a consciente liberdade do que é sentir-se verdadeiramente humano, então qual seria o “prazer que viria substituir a alma humana?" A poesia, a simples e verdadeiramente humanística poesia!

Um comentário:

Angela disse...

O prazer que viria a substituir alma humana?
Muito legal!!!
E louco. Bem Maldito mesmo. Ora alma, o bom mesmo é poetar!